A
Teoria Comportamental (ou Teoria Behaviorista) da Administração trouxe uma
nova direção e um enfoque dentro da teoria administrativa: a abordagem das
ciências do comportamento (behavioral sciences approach), o abandono das
posições normativas e prescritas das teorias anteriores (Teoria Clássica, Teoria
das Relações Humanas e Teoria Burocrática) e a adoção de posições explicativas
e descritivas. A ênfase permanece nas pessoas, mas dentro do contexto
organizacional mais amplo.
A Teoria
Behaviorista da Administração não deve ser confundida com a Escola Behaviorista
que se desenvolveu na Psicologia a partir dos trabalhos de Watson. Ambas se
fundamentaram no comportamento humano. Porém, o behaviorismo que Watson fundou
trouxe à Psicologia uma metodologia objetiva e científica baseada na
comprovação experimental, em oposição ao subjetivismo da época, mas
centrando-se no indivíduo, estudando o seu comportamento (aprendizagem,
estímulo e reações de respostas, hábitos etc.) de forma concreta e manifesta no
laboratório e não através de conceitos subjetivos e teóricos (como sensação,
percepção, emoção, atenção etc.).
A Teoria
Comportamental da Administração tem o seu início com Herbert Alexander Simon.
Chester Barnard, Douglas McGregor, Rensis Likert, Chris Argyris são autores
importantíssimos desta teoria. Dentro do campo da motivação humana salientam-se
Abraham Maslow, Frederick Herzberg e David McClelland.
Origens da Teoria Comportamental
As
origens da Teoria Comportamental da Administração são as seguintes:
1. A
oposição ferrenha e definitiva da Teoria das Relações Humanas (com sua profunda
ênfase nas pessoas) em relação à Teoria Clássica (com sua profunda ênfase nas
tarefas e na estrutura organizacional) caminhou lentamente para um segundo
estágio: a Teoria Comportamental.
2. A
Teoria Comportamental representa um desdobramento da Teoria das Relações
Humanas, rejeitando concepções ingênuas e românticas da Teoria das Relações
Humanas.
3. A
Teoria Comportamental critica a Teoria Clássica, havendo autores que vêem no
beheviorismo uma verdadeira antítese à teoria da organização formal, aos
princípios gerais da administração, ao conceito de autoridade formal e à
posição rígida e macanística dos autores clássicos.
4. Com a
Teoria Comportamental deu-se a incorporação da Sociologia da Burocracia,
aplicando o campo da teoria administrativa.Também com relação à Teoria
Burocrática, mostra-se muito crítica, principalmente no que se refere ao "
modelo de máquina" que aquela adota para representar a organização.
5. Em
1947 surge um livro que marca o início da Teoria Comportamental na
administração: O Comportamento Administrativo, de Herbert ª Simon. É um ataque
aos princípios da Teoria Clássica e a aceitação – com os devidos reparos e
correções - das principais idéias da Teoria das Relações Humanas. É o início da
Teoria das Decisões.
A Teoria
Comportamental surge no final da década de 1940 com uma redefinição total dos
conceitos administrativos: ao criticar as teorias anteriores, o behaviorsmo na
Administração não somente reescalona as abordagens, mas amplia o seu conteúdo e
diversifica a sua natureza.
Novas Proposições Sobre a Motivação Humana
Para
explicar o comportamento organizacional, a Teoria Comportamental fundamenta-se
no comportamento individual das pessoas. Para explicar como as pessoas se
comportam, estuda-se a motivação humana. Os autores behavioristas verificaram
que o administrador precisa conhecer as necessidades humanas para melhor
compreender o comportamento humano e utilizar a motivação humana como poderoso
meio para melhorar a qualidade de vida dentro das organizações.
Hierarquia das Necessidades de Maslow
Maslow
apresentou uma teoria da motivação segundo a qual as necessidades humanas estão
organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de
influenciação.
1°.
Necessidades de auto-realização: trabalho criativo e desafiante; diversidade e
autonomia; participação nas decisões;
2°.
Necessidade de estima: responsabilidade por resultados; orgulho e reconhecimento; promoções;
3°.
Necessidades sociais: amizade
e colegas; interação com clientes; gerente amigável;
4°.
Necessidades de segurança: condições seguras de trabalho; remuneração e benefícios; estabilidade
no emprego;
5°.
Necessidades fisiológicas: intervalos de descanso; conforto físico; horário de trabalho razoável;
Somente
quando um nível inferior de necessidades está satisfeito é que o nível
imediatamente mais elevado surge no comportamento da pessoa. Em outros termos,
quando uma necessidade é satisfeita, ela deixa de ser motivadora de
comportamento, dando oportunidade para que um nível mais elevado de necessidade
possa se manifestar.
Nem todas
as pessoas conseguem chegar ao 1° nível.
Quando as
necessidades mais baixas estão satisfeitas, as necessidades localizadas nos
primeiros níveis passam a dominar o comportamento.
Teoria dos Dois Fatores de Herzberg
Frederick
Herzberg formulou a teoria dos dois fatores para explicar o comportamento das
pessoas em situação de trabalho. Para ele existem dois fatores que contribuem
para o comportamento das pessoas: fatores higiênicos e fatores motivacionais.
Esses
dois fatores são independentes e na se vinculam entre si. Os fatores
responsáveis pela satisfação profissional das pessoas são totalmente desligados
e distintos dos fatores responsáveis pela insatisfação profissional. O oposto
da satisfação profissional não é a insatisfação, mas ausência de satisfação
profissional.
A teoria
dos dois fatores de Herzberg pressupõe os seguintes aspectos:
- A
satisfação no cargo depende dos fatores motivacionais ou satisfacientes: o
conteúdo ou atividades desafiantes e estimulantes do cargo desempenhado pala
pessoa.
- A
insatisfação no cargo depende dos fatores higiênicos ou insatisfacientes: o
ambiente de trabalho, salário, benefícios recebidos, supervisão, colegas e
contexto geral que envolve o cargo ocupado.
Para
proporcionar continuamente motivação no trabalho, Herzberg propõe o
"enriquecimento das tarefas" ou "enriquecimento do cargo":
consiste em substituir as tarefas simples e elementares do cargo por tarefas
mais complexas. O enriquecimento de tarefas depende do desenvolvimento de cada
indivíduo e deve adequar-se às suas características individuais em mudança. O
enriquecimento de tarefas pode ser vertical (eliminação de tarefas mais simples
e acréscimo de tarefas mais complexas) ou horizontal (eliminação de tarefas
relacionadas com certas atividades e acréscimo de outras tarefas diferentes,
mas no mesmo nível de dificuldade).
O
enriquecimento de tarefas provoca efeitos desejáveis, como o aumento da
motivação, aumento da produtividade, redução do absenteísmo (faltas e atrasos
ao serviço) e redução da rotatividade do pessoal. Com tudo, pode gerar efeitos
indesejáveis, como o aumento de ansiedade face a tarefas novas e diferentes
quando não são bem sucedidas nas primeiras experiências, aumento do conflito
entre as expectativas pessoais e os resultados do trabalho nas novas tarefas
enriquecidas, sentimentos de exploração quando a empresa não acompanha o
enriquecimento de tarefas com o enriquecimento da remuneração, redução das
relações interpessoais devido à maior concentração nas tarefas enriquecidas.
Estilos de Administração
As
organizações são projetadas e administradas de acordo com certas teorias
administrativas. Cada teoria administrativa baseia-se em convicções sobre a
maneira pela qual as pessoas se comportam dentro das organizações.
Teoria X e Teoria Y
McGregor
compara dois estilos opostos e antagônicos de administrar: de um lado, um
estilo baseado na teoria tradicional, mecanicista e pragmática (a que deu o
nome de Teoria X), e, de outro, um estilo baseado nas concepções modernas a
respeito do comportamento humano (Teoria Y).
Teoria X
É a
concepção tradicional de administração e baseia-se em convicções errôneas e
incorretas sobre o comportamento humano, a saber:
- O homem
é indolente e preguiçoso por natureza;
- Falta-lhe ambição;
- O homem é egocêntrico e seus objetivos pessoais opõem-se, em geral, aos objetivos da organização;
- Resiste às mudanças;
- A sua dependência torna-o incapaz de autocontrole e autodisciplina.
- Falta-lhe ambição;
- O homem é egocêntrico e seus objetivos pessoais opõem-se, em geral, aos objetivos da organização;
- Resiste às mudanças;
- A sua dependência torna-o incapaz de autocontrole e autodisciplina.
A Teoria
X reflete um estilo de administração duro, rígido e autocrático. As pessoas são
visualizadas como meros recursos ou meios de produção. Para a Teoria X, a
administração caracteriza-se pelos seguintes aspectos:
- A
administração promove a organização dos recursos da empresa no interesse
exclusivo de seus objetivos econômicos;
- A
administração é um processo de dirigir os esforços das pessoas, incentiva-las,
controlar suas ações e modificar o seu comportamento para atender às
necessidades da empresa;
- As
pessoas devem se persuadidas, recompensadas, punidas, coagidas e controladas:
as suas atividades devem ser padronizadas e dirigidas em função dos objetivos
da empresa;
- A
remuneração é um meio de recompensa para o bom trabalhador, e a punição para o
empregado que não se dedique suficientemente à realização de sua tarefa.
A Teoria
X representa o típico estilo de administração da Administração Cientifica de
Taylor, da Teoria Clássica de Fayol e da Teoria da Burocracia de Weber em
diferentes estágios da teoria administrativa: bitolamento da iniciativa individual,
aprisionamento da criatividade, estreitamento da atividade profissional através
do método e da rotina de trabalho. A Teoria das Relações Humanas, em seu
caráter demagógico e manipulativo, também é uma forma suave, macia e enganosa
de se fazer Teoria X.
Teoria Y
É a
moderna concepção de administração de acordo coma Teoria Comportamental. A
Teoria Y baseia-se em concepções e premissas atuais e sem preconceitos a
respeito da natureza humana, a saber:
- As
pessoas não têm desprazer inerente de trabalhar;
- As pessoas não são passivas ou resistentes às necessidades da empresa;
- As pessoas têm motivação, potencial de desenvolvimento, padrões de comportamento adequados e capacidade para assumir responsabilidades;
- O homem médio aprende sob certas condições a aceitar, mas também a procurar responsabilidade.
- As pessoas não são passivas ou resistentes às necessidades da empresa;
- As pessoas têm motivação, potencial de desenvolvimento, padrões de comportamento adequados e capacidade para assumir responsabilidades;
- O homem médio aprende sob certas condições a aceitar, mas também a procurar responsabilidade.
A Teoria
Y desenvolve um estilo de administração aberto, dinâmico e democrático, através
do qual administrar torna-se um processo de criar oportunidades, liberar
potenciais, remover obstáculos, encorajar o crescimento individual e
proporcionar orientação quanto a objetivos. A administração segundo a Teoria Y
caracteriza-se pelos seguintes aspectos:
- A
motivação, potencial de desenvolvimento, capacidade de assumir
responsabilidade, de dirigir o comportamento para os objetivos da empresa,
todos estes fatores estão presentes nas pessoas;
- A
tarefa essencial da administração é criar condições organizacionais e métodos
de operação através dos quais as pessoas possam atingir melhor os objetivos
pessoais.
A Teoria
Y propõe um estilo de administração participativo e baseado nos valores humanos
e sociais. Enquanto a Teoria X é a administração através de controles externos
impostos às pessoas, a Teoria Y é a administração por objetivos que realça a
iniciativa individual. As duas teorias são opostas entre si.
Segundo
McGregor a Teoria Y é aplicada nas empresas através de um estilo de direção
baseado em medidas inovadoras e humanistas, a saber:
a)
Descentralização das decisões e delegação de responsabilidades;
b) Ampliação do cargo para maior significado do trabalho;
c) Participação nas decisões e administração consultiva;
d) Auto-avaliação do desempenho.
b) Ampliação do cargo para maior significado do trabalho;
c) Participação nas decisões e administração consultiva;
d) Auto-avaliação do desempenho.
Sistemas de administração
Likert
propõe uma classificação de sistemas de administração, definindo quatro perfis
organizacionais.
Sistema
1: Mão de
obra intensiva e tecnologia rudimentar; Pessoal de pouca qualificação e
educação (Empresas de construção civil ou industrial).
Sistema 2: Tecnologia mais apurada e mão de
obra mais especializada; coerção para manter o controle sobre o comportamento
das pessoas (Áreas de produção e montagens de empresas industriais, escritórios
de fábricas etc...).
Sistema
3: Áreas
administrativas mais organizadas e avançadas em termos de relações com
empregados (bancos e financeiras).
Sistema
4:
Sofisticada tecnologia e pessoal altamente especializado (empresas de serviços
de propagando, consultoria em engenharia e em administração).
Organização
como Um Sistema Social Cooperativo
Uma
organização somente existe quando ocorrem conjuntamente três condições:
a)
Interação entre duas ou mais pessoas.
b) Desejo e disposição para a cooperação.
c) Finalidade de alcançar um objetivo comum.
b) Desejo e disposição para a cooperação.
c) Finalidade de alcançar um objetivo comum.
Teoria das Decisões
Decisão é
o processo de análise e escolha entre as alternativas disponíveis de cursos de
ação que a pessoa deverá seguir. A decisão envolve seis elementos, a saber:
1.
Tomador de decisão
2. Objetivos
3. Preferências
4. Estratégia
5. Situação
6. Resultado
2. Objetivos
3. Preferências
4. Estratégia
5. Situação
6. Resultado
Etapas do
Processo Decisorial
1.
Percepção da situação que envolve algum problema
2. Análise e definição do problema
3. Definição dos objetivos
4. Procura de alternativas de solução ou de cursos de ação
5. Escolha (seleção)da alternativa mais adequada ao alcance dos objetivos
6. Avaliação e comparação das alternativas
7. Implementação da alternativa escolhida
2. Análise e definição do problema
3. Definição dos objetivos
4. Procura de alternativas de solução ou de cursos de ação
5. Escolha (seleção)da alternativa mais adequada ao alcance dos objetivos
6. Avaliação e comparação das alternativas
7. Implementação da alternativa escolhida
Decorrências
da Teoria das Decisões
O
processo decisorial permite solucionar problemas ou defrontar-se com situações.
A subjetividade nas decisões individuais é enorme. Simon dá alguns recados:
a)
Racionalidade limitada
b) Imperfeição nas decisões
c) Relatividade das decisões
d) Hierarquização das decisões
e) Racionalidade administrativa
f) Influência organizacional
b) Imperfeição nas decisões
c) Relatividade das decisões
d) Hierarquização das decisões
e) Racionalidade administrativa
f) Influência organizacional
Homem Administrativo
O
processo decisorial típico do homem administrativo é assim exemplificado:
1. O
tomador de decisões evita a incerteza e segue as regras padronizadas da
organização para tomar suas decisões.
2. Ele
mantém inalteradas as regras e as define somente quando sob pressão ou crise.
3. Quando
o ambiente muda subitamente e novas situações afloram ao processo decisório, a
organização é lenta no ajustamento. Ela tenta utilizar o seu modelo atual para
lidar com as condições modificadas.
Comportamento Organizacional
Comportamento
organizacional é o estudo da dinâmica das organizações e como os grupos e
indivíduos se comportam dentro delas. É uma ciência interdisciplinar. Por ser
sistema cooperativo racional, a organização somente pode alcançar seus
objetivos se as pessoas que a compõem coordenarem seus esforços a fim de
alcançar algo que individualmente jamais conseguiriam. Por essa razão, a
organização caracteriza-se por uma racional divisão do trabalho e hierarquia.
Da mesma
forma que uma organização tem expectativas acerca de seus participantes, quanto
às suas atividades, talentos e potencial de desenvolvimento, também os
participantes têm suas expectativas em relação à organização. As pessoas
ingressam e fazem parte da organização para obter satisfação de suas
necessidades pessoais através de sua participação nela. Para obter essas
satisfações, as pessoas estão dispostas a fazer investimentos pessoais na
organização ou a incorrer em certos custos.
Por outro
lado, a organização recruta pessoas na expectativa de que elas trabalhem e desempenhem
suas tarefas. Assim, surge uma interação entre pessoas e organização, a que se
dá o nome de processo de reciprocidade: a organização espera que as pessoas
realizem suas tarefas e oferece-lhes incentivos e recompensas, enquanto as
pessoas oferecem suas atividades e trabalho esperando obter certas satisfações
pessoais. As pessoas estão dispostas a cooperar desde que suas atividades na
organização contribuam diretamente para o alcance de seus próprios objetivos
pessoais.
Teoria do Equilíbrio Organizacional
Ao
estudar os motivos pelos quais as pessoas cooperam, os behavioristas visualizam
a organização como um sistema que recebe contribuições sob a forma de dedicação
ou trabalho e em troca oferece incentivos. Os conceitos básicos dessa teoria
são:
a) Incentivos:
"pagamentos" feitos pela organização aos seus participantes
(salários, oportunidades de crescimento etc).
b)
Utilidade dos incentivos: cada incentivo possui um valor de utilidade que varia
de indivíduo para indivíduo.
c)
Contribuições: são os "pagamentos" que cada participante efetua à sua
organização (trabalho, dedicação, esforço etc).
d)
Utilidade das contribuições: é o valor que o esforço que um indivíduo tem para
a organização, a fim de que esta alcance seus objetivos.
Bibliografia
CHIAVENATO,
Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. In: Teoria
Comportamental. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
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